domingo, 25 de agosto de 2013

A ciência é uma forma de amar a Deus

Entrevista com Oliver Rey, matemático francês: Não existe razão sem fé

O que a ciência tem a ver com a verdade da qual Cristo nos fala? É suficiente o conhecimento científico para se chegar à verdade? Por que a ciência parece tão distante da caridade e do amor? Como foi possível que a ciência se tornasse tão dogmática, justo ela, que, dizia-se, iria resolveria todos os problemas do mundo? E acima de tudo: por que o conhecimento científico evita as perguntas sobre o sentido da vida humana e sobre a hipótese da existência de Deus?

Estas e outras perguntas recebem algumas respostas de Oliver Rey, doutor em matemática do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), autor do livro Itinerário da Desorientação: O Papel da Ciência no Absurdo Contemporâneo [livre tradução do título original Itinéraire de l'égarement: Du rôle de la science dans l'absurdité contemporaine], cuja edição italiana foi apresentada no último domingo, 13 de agosto, durante o Meeting de Rímini.

Flora Crescini, professora de literatura e de história, provocou durante a apresentação do livro: “Por que o homem de hoje considera mais importante que a terra gire em torno do sol do que procurar o significado da existência?”.
Para aprofundar, ZENIT conversou com o professor Oliver Rey, hoje professor de filosofia na Sorbonne.

“O meu livro não é contra a ciência. Ele critica o lugar que a ciência ocupa na sociedade moderna. Pascal distinguia três ordens de conhecimento: a ordem do corpo; a do espírito; e a da caridade. A desorientação que eu aponto acontece porque, quando a ciência é considerada como fonte principal e única da verdade, ela chega a aniquilar a diferença das ordens e, em particular, passa a marginalizar a ordem da caridade”.

“A verdade é um conhecimento exato que confirma o que se ama. O problema da ciência moderna, como princípio, é pôr os seus objetos fora do bem e do mal e cortar a relação afetiva que nos coloca em contato com a realidade”.

“Pode-se dispor de conhecimentos exatos, mas eles não são suficientes para conhecermos a totalidade da verdade. Isto não quer dizer que a ciência não tenha valor, já que os conhecimentos exatos são extremamente úteis”.

“O problema acontece quando a ciência é entendida como o manancial da verdade. É evidente que, quando Cristo diz 'Eu sou a verdade', a verdade tem um sentido que tem pouco a ver com a ciência como nós a entendemos hoje. O problema não é a ciência em si mesma, mas o papel que se dá à ciência”.

Quanto à pergunta sobre a relação entre ciência e Deus, o professor explica que, durante milhares de anos, os seres humanos pesquisaram a realidade indagando sobre o Criador. As primeiras universidades na Europa se interessaram pelo conhecimento da natureza porque ela era criação divina. O próprio Darwin, antes de fazer as observações sobre a natureza, tinha estudado teologia para ser pastor. Na época moderna, tem prevalecido a tendência a se contrapor a ciência à religião, o que fez nascer muitos problemas de desorientação.

“A ciência é um modo de amar a Deus”, diz Rey, “e, por isso, a desorientação que eu menciono é precisamente o fato de que a ciência virou uma forma de detestar a Deus”. Sobre a oposição entre ciência e fé, promovida por alguns, o professor francês afirma: “Pessoalmente, eu não entendo as razões da oposição entre fé e razão. Eu acho evidente que é a fé que dá fundamento à razão”.


Fonte: Boletim ZENIT [ZP130825]

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